sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sr. Fernando Campos – ČZ 175 mod. 450 de 1961



Esta máquina foi, juntamente com a minha 559, o objecto da minha primeira experiência de restauro. Começada no verão de 2003, foi uma aventura que acabou parcialmente no verão seguinte.

Foi um restauro atribulado, com muitos altos e baixos, entre questões orçamentais, qualidade dos serviços contratados, grau de satisfação com o nosso trabalho, tempo disponível. São, do meu ponto de vista, quatro variáveis que influenciam de modo determinante o nosso estado de espírito/ disponibilidade mental/ motivação para a concretização do objectivo a que nos propusemos.

Um trabalho de restauro, para quem não tem formação, sensibilidade, organização e paciência, é um trabalho difícil, que acaba num produto final longe de satisfatório, aos olhos dos peritos.

Para além de todas as condicionantes existentes à partida – orçamento e timming disponível - para se conseguir um bom restauro é preciso fazer muito trabalho de análise e pesquisa, ser exigente, autocrítico, organizado e acima de tudo, humilde.

Durante todo este processo, fomos aprendendo a lidar com o insucesso, mas também a prever e a contornar uma série de problemas, no sentido espicaçar o ego e ao mesmo tempo manter os pés assentes na terra. As seguintes expressões traduzem a peripécias vividas por um leigo na área do restauro de motociclos, mas com uma enorme vontade de aprender:

“Quem não sabe é como quem não vê!”, “Quem não sabe fo**r, até os q****ões estorvam!”, “O trabalho feito de noite vê-se de dia!”, “pronto! Já dei cabo disto!”“mais valia estar quieto!”, “isto é um poço sem fundo!”, “isto não nasceu aqui!”, “já esta tudo inventado, não temos que inventar nada!”, “Um gajo até desanima!”, “de onde é este parafuso?”, “Já não é este ano...”,”Já trabalha!”, “Já não pega!”.

A mota em questão saiu em 1961 da fábrica Česká Zbrojovka em Strakonice.

Apresenta como particularidades as linhas de remate do cromado do depósito pintadas de dourado e o símbolo ČZ pintado a vermelho. São detalhes invulgares numa mota deste modelo, que integrados no conjunto, contrastam com as expressivas linhas brancas  que decoram os restante componentes – guarda-lamas (4 mm esp.) malas laterais (2,5 mm esp.), carenagem do farol (2,5 mm esp. ) e farolim.


As matrículas foram pintadas recorrendo a moldes executados a partir de um processo de decalcagem das matrículas originais, que possibilitou uma reprodução fiel das matrículas de época, com o mesmo tipo de letra.

Os objectivos deste trabalho eram modestos, pela consciência das várias limitações descritas. Havendo ainda alguns detalhes por afinar, podemos afirmar com convicção que o essencial foi conseguido: ressuscitou-se mais uma máquina adormecida.

sábado, 1 de novembro de 2008

Feira em Kladno 01.10.2005 e www.montyjawa.cz

No dia 30 de Setembro de 2005, uma sexta feira, à saída de um Posto dos Correios de Devicka, em Praga, depois de ter enviado uns postais para o Porto, encontrei uma bela ČZ 175cc, modelo 470. Tendo chegado à Rep. Checa há alguns meses, foi das poucas vezes que consegui encontrar uma mota decente, ou seja uma Jawa ou ČZ. Passado breves instantes chegou o seu dono, Petr Podrazský, com quem meti logo conversa. Ficou admirado com meu fascínio pela marca, e ao trocarmos contactos disse-me que no dia seguinte iria decorrer em Kladno a maior feira de motas da Rep. Checa, onde eu poderia encontrar qualquer peça para a minha mota.

No dia seguinte, depois de ter planeado cuidadosamente a minha viagem, cheguei à feira a meio da manhã. Fiquei extasiado. Não encontrei lá o Petr, mas voltei a encontrar a sua mota. A feira era colossal e fiquei impressionadíssimo com o mercado de peças que ainda alimentam as motas existentes.

O auge da manhã foi quando me deparei com uma jawa 350cc, modelo 354, impecavelmente bem restaurada. Nunca tinha visto nenhuma ao vivo. O dono estava a tentar -la a trabalhar…dava ao kick e nada. Foi então que, depois de injectar gasolina para o carburador, oiço os dois cilindros a cantar. Foi impressionante! Pareciam duas jawa monocilíndricas a trabalhar ao mesmo tempo, com aquele relanti 2 tempos inconfundível. Simplesmente espectacular.

Outro dado precioso que o Petr me deu foi o site checo www.montyjawa.cz. Usei este site para adquirir peças online durante o tempo que estive em Praga. Na altura apenas distribuíam dentro do país, por isso tinha que as reenviar as peças para Portugal. Como os preços eram mais baixos que os praticados pelo www.jawashop.com e que o www.mz-b.de, em algumas peças compensava, apesar de me terem enviado algumas peças trocadas por engano.

Agora, passados 3 anos, e em Portugal recorri de novo ao montyjawa para adquirir algumas peças difíceis de encontrar noutros sites, como conta quilómetros e alguns produtos de merchandising direccionados para fãs jawa/ ČZ. Foi relativamente fácil, bastou enviar um e-mail em inglês para obchod@montyjawa.cz, com um ficheiro pdf da encomenda. O Vlastimil Vasek respondeu de imediato com o preço total da encomenda em euros, com portes incluídos e o e-mail para pagamento via paypal. Foi uma compra pacífica. Recomendo.

Creio que o www.montyjawa.cz se quer internacionalizar, pois deve ter vindo a ter várias solicitações. Em tempos encontrei no site um link para www.moto-jawa.com, que me pareceu ser uma versão em inglês do mesmo site. Mas de momento encontra-se em manutenção.